Incubadora
Galeria da Caixa, 1998
O Grupo de Pesquisa Corpos Informáticos1 realiza, desde 1991, pesquisa em arte contemporânea, tendo como fio condutor a reflexão sobre o homem cru ‘redimensionado’por tecnologias onipresentes: performance (corpo humano em tempo real) / imagem eletrônica (cor-luz emitida em movimento tornando o homem suporte).
O processo revela fagulhas da convulsa ecologia simbólica do indivíduo contemporâneo. São performances, fotografias, vídeos, imagens digitais e textos que o Grupo produz e apresenta, não para contemplação passiva, unicamente visual, do espectador, mas para envolvê-lo, tornando-o parte da obra de arte em contínua evolução.
Essas apresentações são realizadas tanto no âmbito institucionalizado da arte quanto em espaço, dito, público (Abraham Moles). Exposições não interessam ao Grupo. Seu interesse é interação, processo de produção, co-autoria.
A proposta que o Grupo levou para a Galeria da Caixa, em junho de 1998, foi de ocupação (videoarte, instalações, performances, conferências, oficinas): a galeria como espaço de criação, INCUBADORA; proposta em estado latente, amadurecimento e propagação.
Em 1998, na exposição realizada no Centro Cultural da Caixa Econômica Federal, Brasília, denominada Incubadora, realizamos nossa primeira telepresença: eram 10 diferentes ambientes compostos com móveis e outros objetos (globo terrestre, nebulizadores, aquário, fotografias, vídeos e televisores, esteira de corrida...). Havia, ainda, um telefone instalado em uma sala pequena com um televisor, um vídeo, uma poltrona , todos cobertos por uma pelúcia ‘dálmata’, e uma câmera de vigilância acoplada a uma antena. A imagem dessa sala era transmitida e podia ser vista pelos espectadores em um grande televisor instalado no hall de entrada da exposição. O telefone tocava, alguns interatores ousavam atendê-lo. Fisionomias boquiabertas diante do vídeo (quase) erótico: vulvas médicas e de artistas que estudaram anatomia, como Da Vinci e Vesalius.
A performance consistia, apenas, em se servir de telefones celulares (na época ainda novidade) e ligar para o telefone da galeria. A performance durou todo o tempo da exposição: telefonávamos para a galeria diversas vezes ao dia. Dupla telepresença: telepresença via telefone e telepresença espectral na imagem transmitida via câmera de vigilância e antenas.
Exposição: de 3 a 26 de junho de 1998
Oficinas:
9 e 10 de junho, de 19 às 23 horas: Videoperformance, Alice Stefânia Curi
16 a 18 de junho, de 19 às 23horas: Videoarte, Milton Marques
23 a 25 de junho, de 19 às 23 horas: Videoinstalação, Frederyck Sidou
Performances:
3, 15 e 19 de junho às 20horas
Palestras:
8 de junho às 20 horas: Arte contemporânea, Maria Beatriz de Medeiros
12 de junho às 20 horas: Grupo de Pesquisa Corpos Informáticos, Maria Beatriz de Medeiros
15 de junho às 20 horas: Vídeo performance, Alice Stefânia Curi
22 de junho às 20 horas: Tempo e espaço na WWW , Maria Luiza Fragoso
1 Equipe de pesquisa: Alice Stefânia Curi, Bruno Imbroisi, Carla Rocha, Frederyck Sidou, Maria Luiza Fragoso, Milton Marques, Pedro Augusto e Sheila Campos.