Ocupação e processos criativos

Galeria de Ocupação, FUNARTE-São Paulo 1996



A iniciativa da FUNARTE, São Paulo, em 1996, de criar uma Galeria de Ocupação, na sala Mário Schenberg, deve ser aqui mencionada. A comissão da FUNARTE propôs aos artistas a ocupação da galeria por 45 dias, isto é, aí realizar seu trabalho, efetuar sua pesquisa com a galeria aberta ao público, tanto para assistir aos eventos quanto para participar das discussões. Essa proposta veio ao encontro da linha de pesquisa educação estética da comunidade, assim como se adequava à metodologia de criação do Corpos Informáticos denominada "48 horas".


Creio que o mais importante de toda a ocupação tenha sido seu caráter de intercâmbio. Levamos um trabalho realizado em Brasília por artistas brasilienses para um público e uma realidade completamente diversos. O público paulista é considerado mais crítico que outros públicos, habituado a freqüentar eventos artísticos devido ao grande número de programas culturais oferecidos diariamente. O trabalho causou empatia e muitas pessoas se impressionaram ao saber que, em Brasília, havia um grupo com uma linha de trabalho tão contemporânea de pesquisa em arte e novas tecnologias. Além de mais, o projeto foi mais uma oportunidade de integração do próprio Grupo, assim como as "48 horas" (Vanessa Gelli Rocha).


Nossa ocupação permitiu aos estudantes-pesquisadores de iniciação científica   Frederyck Sidou, Milton Marques, Cleomar Rocha e Gisele Alvarenga – a oportunidade de realizar oficinas e proferir palestra junto a membros do Grupo mais experientes: formação de pesquisadores.


Essa mesma metodologia de integração de uma exposição com o público, feita através de performances, palestras e oficinas, foi utilizada nas exposições Incubus e sucubus e Incubadora, ocorridas no Centro Cultural da Caixa, Brasília, em 1997 e 1998, respectivamente.


Exposição: de 11 de junho a 25 de julho


Vernissage I:

11 de junho. Exposição de fotografias e videoinstalação


Oficinas:

16 a 22 de junho às 15 horas. Videoarte, por Carla Rocha

24 a 29 de junho às 15 horas. Oficina de desenho, por Maria Luíza Fragoso

26 e 27 de junho às 20 horas. Inter-relação texto-imagem, por Cleomar Rocha

01 a 06 de julho às15 horas. Captação de imagem, por Milton Marques

07 a 13 de julho. Videoinstalação, por Frederyck Sidou

10 a 15 de julho às 16 horas. Criação da persona ritual, por Alice Stefânia e Vanessa Gelli Rocha


Palestras:

12 de junho às 20 horas. Grupo de Pesquisa Corpos Informáticos, por Maria Beatriz de Medeiros

13 de junho às 20 horas. Educação estética da comunidade, por Maria Beatriz de Medeiros e Carla Rocha

25 de junho às 20 horas. Imagética Literária: uma proposta plástica, por Cleomar Rocha

28 de junho às 20 horas. A terminologia atual da arte, por Cleomar Rocha

11 de julho às 20 horas. Performance, por Maria Beatriz de Medeiros

12 de julho às 20 horas. Videoarte, por Maria Beatriz de Medeiros


Performances:

03, 04 05 e 06 de julho. Matamoros, por Rita Gusmão


Workshop:

17 a 22 de junho às 10 horas. Pensando seu espaço, por Gisele Alvarenga


Vernissage II:

17 de julho às 19h30. (projeção de slides, desenho mural, fotografias, videoinstalação) e performance Inersos II

17 a 25 de julho. Mostra dos trabalhos realizados nas oficinas em uma videoinstalação


Detalhamento

Oficina: Captação de imagem


A grande dúvida, entre os participantes da oficina (na maioria, estudantes de arte), partia da necessidade de formalizar um conceito, na expectativa de encontrar uma fórmula que correspondesse, de imediato, aos anseios de manipular uma nova linguagem. A resposta a esses questionamentos, na minha opinião, está na prática do olhar videográfico. Vejo como prioridade o exercício da percepção das relações do homem com o meio visual em que está presente (faz-se vídeo mesmo sem câmera). A partir desse princípio, pôde-se articular dentro da linguagem videográfica a proposta conceitual com seus códigos de informações próprios. Por esses motivos, estimulei a familiarização com o equipamento e seu uso (desde espaços sem grandes motivos aparentes   salas vazias-  até pontos de alta concentração visual  o metrô e suas estações-).

Foi proposto exercício para que o olhar, através da câmera, pudesse vagar e pensar as variadas situações e torná-las automaticamente conceitualizadas por esse olhar diferenciado. O resultado da oficina foi horas de gravação sem o compromisso de realizar vídeo, mas de criar, através da percepção, um impacto visual que fosse fiel ao seu olhar-pensar videográfico (Milton Marques).


Oficina: Videoinstalaaão


Procuramos discernir o vídeo autônomo do vídeo em condição de instalação. Foram feitos exercícios para exploração da câmera e da linguagem videográfica.

A perspectiva era gerar um vídeo que pudesse ser instalado na composição geral da exposição do GPCI, e o processo pode ser descrito da maneira seguinte:


vídeo para TV----------->vídeo para instalação---------->vídeo instalado

[exercício da linguagem do vídeo]--------------[exercício da composição]



exercício de concepção num sistema aberto, onde a linguagem da imagem luz em movimento e do som são inseridos na representação de um conceito


(Fredryck Sidou).



Oficina: Criação da persona ritual


De 16 a 19/07, ministrei, juntamente com Alice, a Oficina de Criação da Persona Ritual, trabalho baseado numa disciplina de trabalho performático que temos desenvolvido com o Grupo nos encontros corporais realizados desde o início deste ano. Apesar de o pequeno número de participantes, pudemos experimentar nossa linha de trabalho com pessoas quase que totalmente leigas. E percebemos que estamos no caminho certo, pois os resultados obtidos, nas performances individuais realizadas ao final da oficina, mostraram uma qualidade de entrega e verdade bastante especiais e essenciais para o trabalho com performance (Vanessa Gelli Rocha).